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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Laurindo Leal: Donos da mídia estão nervosos


Veja andou atrás do blogueiro Renato Rovai querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
por Laurindo Lalo Leal Filho, em Carta Maior
O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
À essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores.
O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.
Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda.
Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade.
Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.
Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a possibilidade de entendê-los com muita clareza.
Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais, dispensando intermediários.
Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim do mandato.
Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo do mundo.
Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país, participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos. Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo.
Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela o presidente foi para o sacrifício.
Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O descompasso será enorme.
As inúmeras conquistas alcançadas ficariam escondidas se o presidente não fosse às ruas, às praças, às conferências setoriais de nível nacional, aos congressos e reuniões de trabalhadores para contar de viva voz e cara-a-cara o que o seu governo vinha fazendo. A NBR, televisão do governo federal, tem tudo gravado. É um excelente acervo para futuras pesquisas.
Curioso lembrar as várias teses publicadas sobre a sociedade mediatizada, onde se tenta demonstrar como os meios de comunicação estabelecem os limites do espaço público e fazem a intermediação entre governos e sociedade.
Pois não é que o governo Lula rompeu até mesmo com essas teorias. Passou por cima dos meios, transmitiu diretamente suas mensagens e deixou nervosos os empresários da comunicação e os seus fiéis funcionários, abalados com a perda do monopólio da transmissão de mensagens.
Está dada, ao final deste governo, mais uma lição. Governos populares não podem ficar sujeitos ao filtro ideológico da mídia para se relacionarem com a sociedade.
Mas também não pode depender apenas de comunicadores excepcionais como é caso do presidente Lula. Se outros surgirem ótimo. Mas uma sociedade democrática não pode ficar contando com o acaso.
Daí a importância dos blogueiros, dos jornais regionais, das emissoras comunitárias e de uma futura legislação da mídia que garanta espaços para vozes divergentes do pensamento único atual.
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

Regulação da mídia: Motta X Franklin



Quem é o mais radical
Por Alberto Dines, no Observatório da Imprensa

A História como piada: a telenovela da regulação da mídia deve ganhar lances sensacionais (ou patéticos, depende de quem a observa) quando se examinar com a devida atenção um projeto de lei preparado em segredo há 12 anos pelo homem forte do governo de Fernando Henrique Cardoso, seu amigo e confidente, o então ministro das Comunicações Sergio Motta.

Segredo? Em termos: na edição nº 76, de 5/10/1999, este Observatório da Imprensa comentou a quinta versão da Lei de Comunicação Eletrônica de Massa, produzida por Motta, e também a sexta versão do documento, chancelada por um de seus sucessores no ministério, Pimenta da Veiga. O material fundamentou-se em um vasto arsenal de análises e contestações encabeçado por um estudo pormenorizado de Guilherme Canela de Souza Godoi e contribuições de estudiosos ímpares como o falecido Daniel Herz, o professor Murilo Cesar Ramos, o pesquisador Gustavo Gindre e o senador Pedro Simon. Veja os links abaixo:

** A versão Pimenta da Veiga – G.C.S.G.
Sergio Motta não conseguiu terminar o seu revolucionário projeto, morreu em 1998, foi sucedido por Luiz Carlos Mendonça de Barros e, em seguida, pelo deputado federal e ex-líder do governo, Pimenta da Veiga, autor de uma nova e desastrosa versão destinada à cesta do lixo. À época, corria que fora redigida pelos consultores da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).

Sem comoçãoA mídia acostumou-se a classificar como radical o jornalista Franklin Martins, atual ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Todas as suas iniciativas são imediatamente carimbadas como atentados à liberdade de imprensa e logo rejeitadas.

Nossa mídia tem memória curta ou simplesmente ignora quem foi o Serjão, Sergio Motta, um trator que nada fazia pela metade. A Lei de Comunicação Eletrônica de Massa concebida por ele não era radical, era revolucionária: criava uma agência reguladora, impedia a propriedade cruzada de mídia eletrônica, interferia no vicioso sistema de concessões de radiodifusão, cuidava do conteúdo da programação, criava mecanismos para proteger os assinantes da TV paga, forçava o funcionamento do Conselho de Comunicação Social e facilitava a sobrevivência da TV Pública facultando-lhe o direito de veicular publicidade comercial.

Evidentemente não previu o extraordinário crescimento da internet nem contou com o atual estágio de desenvolvimento da telefonia móvel. Convergência de conteúdos era uma noção desconhecida. O projeto era holístico, como se dizia à época, integral. Ambicioso, audacioso e, sobretudo, estatizante. Tão estatizante que o petista e democrata Daniel Herz chegou a reclamar do excesso de prerrogativas oferecidas ao Executivo.
Esta incursão na história recente carrega evidentemente algumas doses de ironia. O projeto foi recebido com absoluta naturalidade, não causou alvoroço nem comoção, não foi bombardeado pela mídia. Ao contrário, algumas matérias da Folha de S.Paulo foram até simpáticas à iniciativa do governo porque àquela altura – antes da assinatura do Tratado de Tordesilhas entre os grupos Folha e Globo – o jornal dos Frias freqüentemente se atritava com a Vênus Platinada dos Marinho. O que era extremamente salutar em matéria de oxigenação (ver, neste OI, “A chocante parceria Globo-Folha” e “Pacto Globofolha e o pacto do silêncio“)

Viés conservador
Gozação à parte, é imperioso reverter o clima fanático que está comprometendo a discussão sobre regulação da mídia. Esta inclemência e intransigência numa questão que afeta diretamente o bem-estar da população é simplesmente inadmissível. O rancor que se irradia deste debate é extremamente tóxico, e se não for atalhado pode se espalhar.

Este confronto precisa ser urgentemente despolitizado porque coloca no mesmo lado um governo taxado de neoliberal e outro, indevidamente classificado como autoritário.

A sociedade brasileira é conservadora, mas também está cansada de ser abusada pelos mercados. É, às vezes, indisciplinada, mas quer sentir-se segura e por isso gosta de regulamentos, precisa deles. Seus valores são geralmente pequeno-burgueses, mundanos, mas também é sedenta de cultura e seriedade.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Blogueiros com Lula: uma entrevista para história política brasileira



Por Renato Rovai


Alguns bastidores da entrevista com Lula.
Ao final da entrevista o presidente, com as câmeras e microfones já desligados, disse que queria se comprometer a já agendar uma próxima entrevista com aquele grupo para logo depois que deixasse a presidência. “Porque eu quero tratar com vocês do mensalão, quero falar longamente dessa história e mostrar a quantidade de equívocos que ela tem. Porque o Zé Dirceu pode ter todos os defeitos do mundo, mas…”
Quando o presidente ia completar a frase um dos fotógrafos pediu para que ele se ajeitasse para a foto e o pensamento ficou sem conclusão. Ficou claro que o presidente considera esse caso mal resolvido e que vai entrar em campo assim que sua residência oficial passar a ser em São Bernardo do Campo.
Em muitos momentos da entrevista Lula demonstrou que considera que o comportamento da imprensa brasileira foi mais do que parcial, foi irresponsável. Isso ficou evidente quando disse que a cobertura do acidente da TAM foi o momento mais triste do seu período presidencial. Lembrou que à época alguns jornais e revistas escreveram editoriais falando que o governo carregava nas costas 200 cadáveres.
Ele também introduziu na entrevista, sem que a blogosfera perguntasse, a questão da política internacional. E falou dos bastidores de sua ação na negociação com o Irã. Ao trazer uma negociação desse porte para a pauta da entrevista, o presidente pode ter sinalizado que o palco internacional faz parte do seu projeto futuro.
Lula não fala nada sem pensar e gratuitamente. Quando se está frente a frente com ele isso se torna ainda mais evidente. Lula é hoje um político preparadíssimo. E falou, por exemplo, que o PT do Acre errou e que por isso Dilma perdeu feio lá para mandar um recado aos irmãos Viana, que controlam o partido no estado.
Aliás, depois da entrevista ele fez questão de chamar o blogueiro Altino Machado de lado e voltou a tocar no assunto. Disse que vai ao Acre ainda no primeiro semestre de 2011. E  que quer conversar com Altino quando for lá.
Ele também falou que vai tratar do caso Paulo Lacerda quando sair da presidência. Tudo indica que a sua melhor entrevista ainda está por vir. Será aquela em que ele vai poder falar de tudo sem o ritual do cargo.
Esse encontro com Lula ainda merecerá outros posts deste blogueiro, mas aproveito para contar um pouco dos bastidores que o antecederam. Em agosto, solicitei em nome da comissão do 1º Encontro da Blogosfera Progressista essa coletiva com o presidente. A resposta veio rápida. O presidente aceitava, bastava construir uma agenda.
Entre a organização do encontro se estabeleceu um debate sobre se seria conveniente ou não que ele ocorresse antes das eleições. De comum acordo com a assessoria da presidência definiu-se que seria jornalisticamente mais interessante que acontecesse agora. Para que se evitasse o inevitável, que se tentasse descaracterizar o encontro com acusações do tipo “ação de campanha”.
Uma das preocupações que também  surgiu desde o início foi a de que os blogueiros que participassem representassem a diversidade do país. Isso foi conseguido. Entre os 10  que estiveram com Lula hoje, havia gente de sete estados brasileiros e de todas as regiões. Também havia diversidade de gênero na lista inicial. Eram quatro as mulheres que participariam: Helena, do Blog Amigos do Presidente Lula; Ivana Bentes, da UFRJ; Conceição Lemes, do Viomundo; e Maria Frô, do blog da Maria Frô.
Por motivos diferentes elas não puderem vir a Brasília. Maria Frô conseguiu participar pela twitcam. Ivana Bentes, que também ia entrar por esse sistema, não conseguiu por problemas técnicos.
Ao fim, quem imaginava que seria um encontro chapa-branca se surpreendeu. Quantas vezes na história deste país o presidente da República foi perguntado, por exemplo, sobre por que não se avançou na democratização das comunicações? Quantas vezes lhe perguntaram por que recuou no PNH3? Quantas vezes ele teve de se explicar sobre a saída de Paulo Lacerda da PF? Quantas vezes ele foi cobrado sobre o governo não ter se empenhando para a aprovação das 40h semanais? Quantas vezes Lula falou sobre o Acre e suas idiossincrasias políticas? Quantas vezes discutiu o capital estrangeiro na mídia? Quantas vezes falou sobre AI 5 digital? Quantas vezes tratou da educação para o povo negro? Quantas vezes abordou a cobertura da Globo no episódio da bolinha de papel?
Pode-se gostar ou não desta entrevista, mas uma coisa não se pode negar. Ela entra para a história da cobertura política brasileira.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Presidente Lula concede primeira entrevista exclusiva a blogueiros.



Achei relevante comentar esta notícia,  a de que o presidente da república irá conceder uma entrevista exclusiva para blogueiros progressistas. Pois ela é única. Isso nunca aconteceu. Pelo menos não tenho conhecimento. Apesar dos pesares, em relação à alguma políticas conduzidas pelo atual governo, na área de comunicação, seria uma bobagem perdermos a oportunidade de sabermos em primeira mão o que o Presidente Lula falará justamente para aqueles que deram suporte na defesa contra a indústria de boatos criados pela mídia conservadora e encampada pelos neocons brasileiros. Quando não, por um banker de profissionais encarregados de baixar o nível nas eleições vencidas pela candidata de Lula. 


Nesta quarta feira, a partir das 9h o presidente da república será sabatinado por diversos blogueiros.  O Planalto confirmou a participação dos blogueiros Altamiro Borges (Blog do Miro), Altino Machado (Blog do Altino), Conceição Lemes (Viomundo), William (Cloaca News), Eduardo Guimarães (Cidadania), Leandro Fortes (Brasilia, Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna), segundo informações do Estadão.com. 


Regulamentação do setor de comunicação e democratização dos meios de comunicação certamente serão temas abordados. Bom lembrarmos que o time escalado são simpáticos ao atual governo. Veremos se algum tema espinhoso poderá ser abordado. No link abaixo será possível acompanhar a entrevista que será transmitida pelo web logo mais a partir das 9 horas da manhã.


http://entrevista.blog.planalto.gov.br/

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Rádios Comunitárias ou Comerciais de baixa potência?


A manchete deste post pode parecer provocadora, mas essa é a discussão que já começa fazer a direção do Sindicato dos Radialistas de São Paulo que, diga-se de passagem, apóia o movimento das Rádios Comunitárias. Não só apóiam, mas incentivam esse movimento que tem contribuído para a democratização dos meios de comunicação. A grande dúvida é sobre o conceito, pois muitas emissoras estão fugindo do critério em que foram baseados para conseguir suas concessões. Em seu 5º Encontro dos Radialistas do Interior, realizado pelo Sindicato dos Radialistas o presidente da ABRAÇO, Jerry de Oliveira, esteve presente e foi um dos debatedores, ao apresentar um dos temas pautados para o encontro. Boa parte dos radialistas interioranos tem percebido um movimento forte, mas diferente das propostas da ABRAÇO, além de alguns fazerem confusão com esses dois conceitos. Nesse sentido, o encontro terminou apontando a necessidade de retomar essa discussão sobre o conceito de Rádio Comunitária, já que muitas emissoras, que conseguiu esse título, na prática, funcionam como emissoras de baixa potência, com agravantes trabalhistas; trabalhadores que prestam serviço na emissora não tem contratos de trabalho e, muito menos, registro profissional.

O Congresso Estadual da ABRAÇO está para ser realizado e o movimento já fez o convite para que a diretoria do Sindicato envie um representante, na condição de observador, com direito a voz, para participar das discussões que o movimento estará fazendo nesse evento. Em contrapartida, acredito, que a direção do sindicato deverá elencar em seu seminário de planejamento a pauta da radiodifusão comunitária. Sabermos diferenciar as verdadeiras emissoras de rádio comunitárias dos oportunistas, que tem conseguido concessões de rádio comunitária com o único propósito de fazer exploração comercial delas, poderá orientar as ações sindicais no combate a exploração do trabalhador, além de impedir a deturpação de um movimento social importante para a democratização dos meios de comunicação no Brasil.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Organizar a classe trabalhadora


Dá-se a impressão que os sindicatos classistas são compostos de gente que grita aos ventos. Anunciando verdades incompreendidas e que encontram poucos ouvidos para as "profecias" anunciadas. A verdade é que esses sindicatos comprometidos com a causa dos trabalhadores, são aqueles que não só garantem direitos, mas avançam nas conquistas.

Sindicatos que aderiram ao status do convencimento governamental, tem enfrentado perdas e derrotas em objetivos traçados pelas suas direções. Tudo por conta de dois aspectos relevantes. O primeiro a falta de formação política. Na história de luta de classes, onde os trabalhadores foram precursores em se rebelar ao stablishment de exploração sem freios, esse processo revolucionário só avançou porque havia bases teóricas. No caso as revoluções russa, chinesa e cubana.Um exemplo de revolução sem base teórica que findou com a continuação da exploração foi a revolução mexicana.

O segundo aspecto relevante que contribui para que o sindicato não desempenhe sua verdadeira função é a cooptação de seus dirigentes. Suas lideranças políticas, pinçados da direção sindical para cargos públicos, os fazem querer enquadrar a atuação sindical de seus antigos colegas de direção sindical aos interesses do governo de plantão.

Uma resposta firme e coerente nesse mar de confusão do papel dos sindicatos é a postura dos sindicatos que hoje compõe a Intersindical. Autônomos, independentes e comprometidos não só com suas categorias, mas com a classe trabalhadora, sua postura diferencia não apenas em distoar do restante do movimento sindical, mas apresentarem uma receita de orientação política coerente com a história de luta dos trabalhadores. Reunidos em Campinas, no último final de semana, a diretoria do Sindicato dos Radialistas materializou essa dimensão teórica com sua participação num evento que pode ser uma luz, num túnel escuro, desprovido de referencial político de comprometimento com os verdadeiros interesses da classe trabalhadora.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Comunicação não é gasto, é investimento



O título acima deveria ser o lema das entidades sindicais se querem sobreviver neste século. Acuados por conta do refluxo sindical e pelo envelhecimento de suas direções, muitos sindicatos tem enfrentado dificuldades em se comunicar com seus trabalhadores, devido ao avanço tecnológico e por conta do comportamento dos trabalhadores com os antigos dispositivos de comunicação usados pelos sindicatos, pois não entendem o que suas direções tentam comunicar.

Pensando nisso a Federação dos Radialistas (FITERT), realizou o 1º Encontro de Comunicação da FITERT em Belo Horizonte, onde tivemos a oportunidade de participar. Com a presença da grande maioria de seus sindicatos filiados, a participação foi de dirigentes e funcionários ligados à secretarias de comunicação de cada entidade.

As discussões não giraram apenas em torno apenas das novas ferramentas de comunicação que tem surgido na internet, mas como fazer o melhor uso dela e de como aprimorar o conceito de "gasto" com comunicação com as direções dos sindicatos. Trocando em miúdos; investir em comunicação, além de fundamentar a importância da profissionalização desse departamento nas entidades.

Apesar de haver diferenças políticas e econômicas entre os diversos sindicatos filiados à FITERT, todos tiveram a consciência que a Comunicação não é apenas um instrumento de suporte no relacionamento com os trabalhadores e a sociedade, mas um mecanismo importante pela luta pela hegemonia na luta de classes travada pelos trabalhadores organizados. O investimento em Comunicação se deve pela conquista de valores e idéias dos trabalhadores e por garantir, de forma participativa, através da interatividade virtual, que a direção dos sindicatos estejam em sintonia com os interesses dos trabalhadores.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Nova Lei argentina desmonta concentração de veículos audiovisual em seu país.




A Argentina tem, desde o ano passado, uma nova legislação na área de audiovisual, que substituiu um decreto da época do regime militar de 1980, que excluía a participação de organizações sociais sem fins lucrativos e praticamente determinou que não houvesse mais emissoras públicas dos anos 80 ate os dias de hoje. A nova regra tem como normas adotadas em outros países, como Estados Unidos, Espanha, Inglaterra, França e Canadá.
O relato do processo de regulamentação audiovisual na Argentina encerrou, na tarde desta quarta-feira (10), o Seminário Internacional de Comunicações Eletrônicas e Convergência de Mídias, em Brasília. O diretor nacional de Supervisão da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA), Gustavo Bulla, apresentou um quadro comparativo entre os cenários anterior e posterior à promulgação da Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual, em 2009.
Bulla afirmou que a lei “é o primeiro instrumento legal feito na Argentina de baixo para cima”. O esqueleto da nova legislação foi elaborado em 2004 e partiu de um manifesto com 21 pontos para uma radiodifusão democrática. O documento foi elaborado por uma entidade que representou 300 organizações sociais argentinas.
Em 2008, foi elaborado um pré-projeto, levado para discussão em 24 Fóruns de Participação, com mais de 10 mil participantes. Destes encontros foram colhidas 1.300 propostas de modificação do pré-projeto, que resultou em 200 alterações.
Uma vez obtida a redação final, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, enviou o projeto ao Congreso de la Nación – Câmara dos Deputados e Senado. Depois de discussão em comissões, a lei foi aprovada nas duas estâncias. A norma, imediatamente promulgada, enfrenta uma série de obstáculos, vindos principalmente da oposição, de parte do setor jurídico e dos grandes grupos de comunicação.
No quadro comparativo, Bulla mostrou que a nova lei argentina tem como referência leis de outros países: Estados Unidos, Espanha, Inglaterra, França e Canadá. Da legislação deste último foram retirados critérios para a renovação de licenças de radiodifusão aberta e por cabo.
De acordo com a antiga lei argentina, as licenças eram concedidas pelo Estado por 25 anos, e renovadas praticamente de forma automática por outros 25. Agora, as licenças serão entregues aos operadores por um período de dez anos, com prorrogação de outros dez, mas sujeitas à algumas condições.
Para renovar a licença, o operador deverá se submeter a uma audiência pública de avaliação, que funcionará como subsídio para a decisão das autoridades do setor no momento de decidirem ou não pela prorrogação. “Isso faz com que os usuários tenham participação em um processo ativo, de tomada de decisões sobre o setor” lembra Bulla.
Setores representativos da sociedade argentina, como sindicatos, cooperativas e outros, têm na nova Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual a garantia de espaço representativo. Ela obriga que um terço do espectro seja dedicado às organizações civis. “A legislação anterior, que na verdade era um decreto da época do regime militar de 1980, excluía a participação de organizações sociais sem fins lucrativos e praticamente determinou que não houvesse mais emissoras públicas dos anos 80 ate os dias de hoje”, pontuou Bulla.
No setor de distribuição por cabo, o esforço em desmontar a concentração dos poucos grupos midiáticos está refletido nos artigos que tratam desta questão. A Argentina é o terceiro país em volume de assinantes. Com 65% dos lares conectados ao cabo, o terceiro no ranking americano, e fica atrás apenas dos Estados Unidos e Canadá. Por isso é importante garantir a diversificação da oferta de conteúdo, lembrou o diretor.
As operadoras, que até então não esbarravam com nenhuma restrição em relação ao número de canais, passam a ter 24 licenças. Cada licença tem de abrangência a dimensão geográfica de uma cidade média argentina, com raio de ação de 50 km.
Baseado na legislação americana, a nova regra argentina prevê que nenhum operador de TV aberta ou por cabo pode ter mais de 35% da audiência do mercado global. Se um grupo opera em Buenos Aires, cidade com a maior população do país, dificilmente poderá operar em outro lugar, porque a margem permitida por lei já estará ocupada pelos usuário da capital.
Futebol
De acordo com Gustavo Bulla, “os direitos exclusivos de transmissão das partidas de futebol foram o “cavalo de Tróia” dos grandes conglomerados midiáticos”. Segundo ele, foram as estratégias para assegurar o monopólio sobre os direitos de transmissão do futebol que ditaram a ampliação do monopólio do setor audiovisual na Argentina.
Hoje, o Estado argentino é detentor do direito de transmissão de futebol. A partir daí foi possível levar este conteúdo para todos os argentinos, principalmente para as classes de menor renda, que não tinham acesso aos serviços por cabo.
Fonte: Portal Convergência de Mídias

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Brasil, único entre emergentes


A reunião de líderes do G20, nesta semana, em Seul (Coréia do Sul), confirmará a ascensão do poder econômico e político das nações emergentes. O destaque é o quarteto reunido anos atrás na sigla BRIC, Brasil, Rússia, Índia e China, um grupo repleto de diferenças entre si. É sabido que, quando o termo BRIC começou a ser usado, muitos viam o Brasil como uma espécie de patinho feio no meio de três imponentes cisnes. Nos últimos anos, entretanto, o representante latino-americano passou a ser reconhecido como uma estrela diferenciada, com vantagens sobre os antes mais badalados emergentes.
A atração que os três "RICs" exercem é clara. A visita de Barack Obama à Índia antes da reunião do G20 é um bom exemplo, uma tentativa de reforçar laços com uma parte do mundo que só faz crescer. Em solo indiano, o presidente americano disse que a parceria entre Estados Unidos e Índia é uma das que definirão este século. No Parlamento local, Obama defendeu abertamente uma reforma do Conselho de Segurança da ONU que inclua a Índia como membro permanente. A economia indiana vem crescendo a um ritmo de quase 9% ano ano e é, depois da China, a grande vedete do continente. Obama quer exportar mais para o país e está engajado, sem vergonha alguma, em passar o chapéu americano.
Mas a visita do presidente dos Estados Unidos também lembra as fragilidades da grande nação de Mahatma Gandhi. No sábado, Obama discursou no hotel Taj Mahal Palace, em Mumbai, palco de uma carnificina terrorista em 2008. A Índia tem uma relação extremamente delicada com o Paquistão, o que levou os dois países a desenvolverem armas atômicas. As fronteiras indianas ainda não estão completamente resolvidas, devido à disputa com o vizinho problemático em torno da região da Caxemira. Apesar de ser uma economia em acelerado avanço, a Índia ainda tem muito a melhorar, com quase a metade de sua população vivendo abaixo da linha de pobreza. Problema é o que não falta na Índia.
Na verdade, nem na China. O presidente chinês, Hu Jintao, pode ter ocupado o topo da lista da revista Forbes de pessoas mais poderosas do mundo, à frente de Obama, medalha de prata. Mas a China é governada por um regime ditatorial cuja mão-de-ferro foi exposta na polêmica envolvendo o prêmio Nobel da Paz dado ao ativista chinês Liu Xiaobo. A China é hoje uma megapotência, mas além de não ser uma democracia tem relações tensas com vizinhos, como o Japão, uma situação mal resolvida no Tibete e movimentos separatistas internos.
A Rússia não é menos complicada. Com sua região sudoeste ainda marcada por movimentos dissidentes, alguns de caráter religioso e étnico, a Rússia realiza eleições para presidente e para o Parlamento. Mas sua democracia, como já explicou Vladimir Putin, é bem diferente da ocidental. Negócios e política misturam-se em transações nebulosas, que hoje podem afetar inclusive a vida numa capital ocidental importante, como Londres. No fim de semana, o The Guardian publicou que o dono do jornal britânico The Independent, o russo Alexander Lebedev, está sofrendo intimidações políticas na Rússia e na Ucrânia. Numa situação extrema, Lebedev admitiu que, se seu império econômico for prejudicado por forças políticas adversárias, seus negócios na imprensa britânica podem ser atingidos. Disputas políticas na Rússia já afetam até o jornalismo britânico.
O Brasil não sofre das intempéries acima. O país tem precária infraestrutura, precisa capacitar muito melhor sua mão-de-obra, sofre com a corrupção e ainda registra índices altíssimos de criminalidade. Mas as fronteiras brasileiras estão mais do que consolidadas, com relações amistosas com todos os seus vizinhos. Não há movimentos separatistas ou terrorismo político no Brasil, muito menos de cunho religiioso ou étnico. Os brasileiros acabaram de ir às urnas de forma organizada e pacífica e viu os resultados serem divulgados três horas depois, sem qualquer contestação de partidos políticos. Um novo governo democraticamente eleito está para tomar posse, em um país cujas instituições seguem se fortalecendo. O Brasil não cresce exatamente em ritmo chinês, mas chegou perto, estando no melhor momento econômico da sua história, dono das maiores reservas de petróleo descobertas neste século. A reunião do G20 confirmará o aumento do poder do mundo emergente, que tem no Brasil um representante único, com vantagens sobre outras nações. O que está em jogo é se o país saberá traduzir tais condições favoráveis em um futuro de prosperidade interna e influência internacional.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Avanço de conservadores nos Estados Unidos prolongará crise econômica mundial


Falar em crise no Brasil, por incrível que pareça, soa estranho. Muito estranho. Mas é o que vem acontecendo em diversos países desenvolvidos no mundo. Principalmente nos Estados Unidos. Por anos seguindo uma política econômica desastrosa, gastos militares e interferência crônica do setor privado nas decisões dos governos americanos, levaram os gringos a viverem o pesadelo do mundo capitalista. Pior que isso é não aprender com os erros de decisões passadas. Nas últimas eleições americanas os republicanos, um partido conservador, freia as reformas que o presidente do partido Democrata americano vem tentando implementar. Com a perda da maioria na câmara dos representantes e a diminuição da influência no Senado, o presidente americano terá que se submeter a negociar toda e qualquer medida que venha de encontro a definir como superar a crise. E com visões tão díspares, entre democratas e republicanos, certamente a receita aplicada nos últimos anos perderá fôlego.

A consequência direta disso é o prolongamento da crise americana e também no mundo. Quem continuará a sofrer com as políticas tímidas que deverão ser implantadas é o México. Ao contrário do Brasil, que não aceitou a ALCA por aqui, a economia mexicana, viceralmente ligada à economia americana, sofre com a crise e vê sua sociedade definhar por conta da guerra contra o tráfico de drogas. No Brasil, nesta semana, a presidenta eleita Dilma Rousseff já afirmou que o caminho será investir no mercado interno para que o país continue a ter crescimento, pois se depender dos gringos, estaríamos perdidos. Já anunciou que deverá reajustar o programa bolsa família como forma de garantir o poder de comprar e garantir, em partes, aquilo que os conservadores são radicalmente contra; a interferência do Estado na ampliação de políticas sociais.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Após eleição, trabalhadores devem seguir em sua organização


Apesar de muitos trabalhadores apostarem todas suas fichas na candidatura de Dilma Rousseff, sua organização não deve ser esquecida. Muito menos desacelerar seu processo de emancipação que, em algumas categorias, se encontra em estágios mais avançados. Fruto da formação política e comprometimento das direções sindicais com princípios marxistas. 

Entre os dois projetos de país, nessas eleições, é inegável em que um deles havia comprometimento com a desaceleração do neoliberalismo no país, mas não em sua extirpação. Já que muitos neoliberais financiaram as duas candidaturas, apostando num tratamento diferenciado frente aos interesses que estão em jogo e que, cedo ou tarde, o futuro governo terá de se posicionar. 

Cabe aos trabalhadores imporem sua agenda para o novo governo e não esperar movimentos por parte deste governo eleito em sua direção. Usar todas as instâncias possíveis de representatividade da sociedade é positivo, pra não dizer essencial. 

Tanto a vitória das forças em torno do PT como da chapa eleita do nosso sindicato, devem apontar como prioridade objetivos definidos na atuação de seus eleitores como participantes de um processo em construção e não meramente em espectadores.